18.4.11

Fervilhar de pessoas

É saudável, faz um bem enorme à cidade debater sobre o que é melhor para seu funcionamento diário, sobre o que é melhor para ela, sobre como ela fica melhor. A cidade e seus moradores olham para si. É o grande benefício desse debate que emergiu agora semana que passou, sobre se é útil fechar a Júlio para um calçadão de cinco quadras, com alargamento de calçadas.
O centro de Caxias está degradado. Seu patrimônio histórico, isto é, os prédios que serviram de referência para o crescimento da cidade, estão escondidos ou malconservados, ou ambos. A poluição visual é terrível. O Centro, afora a Praça Dante como ponto de cruzamento, não tem outros atrativos que não sejam o comércio e os serviços. O que é bem ruim. Assim é o Centro hoje.
Um calçadão deveria vir combinado com outras atividades que proporcionem o convívio e a valorização de toda a região central. Com opções culturais, de lazer, de encontro, um ambiente mais agradável. O Centro precisa fervilhar de pessoas que não apenas cruzem por ele, mas ali se encontrem em segurança. Nada que não se possa garantir. E um calçadão também deve combinar-se com medidas que possibilitem a funcionalidade da cidade do ponto de vista da sua mobilidade. Mais estacionamentos e garagens será necessário.
Neste momento, não é hora de projetar de que forma seriam solucionadas questões de ordem prática, como acesso a garagens de edifícios da região, carga e descarga e por aí afora. Claro que é complexo, são questões pertinentes que precisam estar resolvidas, mas há alternativas técnicas para isso. A hora, agora, é de escolher entre um e outro modelo de cidade. Mais espaço para circulação de pessoas, menos para a de veículos, essa é a idéia central do calçadão. Que em má hora foi retirado do Centro certa vez, quando deveria ter sido repaginado.
Outro modelo é manter tudo como está, com retoques. Mas funcionar não é apenas se deslocar rápido. Uma cidade que funciona é aquela mais agradável para se viver. As grandes cidades do mundo, melhor resolvidas do ponto de vista urbano, abrem espaços generosos para a circulação de pessoas. Mais hora, menos hora, o Centro vai entupir de carros. É inevitável. Então é momento de debater como se organizar melhor. Para escolher o que fazer quando for a hora, o que não vai demorar muito.
Fonte: Jornal Pioneiro de 18/04/2004