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CALÇADÃO: NO CENTRO DO DEBATE

15/04/2011 N° 11030 JORNAL PIONEIRO
Sete anos após a abertura da Avenida Júlio de Castilhos, o vereador Edio Elói Frizzo (PSB) propõe fechar novamente o trânsito de carros. Dessa vez, em cinco quadras. A ideia provoca discussão na cidade Caxias do Sul – Há sete anos, a cidade deixava de ter o calçadão no Centro. A abertura da Avenida Júlio de Castilhos, em 2004, parte integrante do projeto de revitalização da Praça Dante Alighieri, causou polêmica. Agora, a ideia apresentada pelo vereador Edio Elói Frizzo (PSB) na sessão de quarta-feira da Câmara, de fechá-la novamente, também divide opiniões.
A proposta, conforme Frizzo, ainda está sendo elaborada e deve ser entregue à Secretaria de Planejamento Municipal (Seplam) no início da próxima semana. A sugestão do parlamentar é de que a Avenida Júlio de Castilhos seja fechada entre as ruas Alfredo Chaves e Garibaldi. As ruas transversais permaneceriam com o trânsito livre. O vereador ainda sugere que o trecho entre a Garibaldi e a Feijó Júnior tenha as calçadas alargadas, além da retirada da fiação aérea.
Frizzo quer que a reformulação na Júlio seja agregada ao projeto de revitalização da Praça João Pessoa e do Largo São Pelegrino. O trabalho está sendo elaborado pela Seplam e deve ser submetido à análise do prefeito José Ivo Sartori (PMDB) na metade do ano.
Para Frizzo, a mudança seria um reparo à abertura do calçadão. Ele integrava o governo na época (era diretor-presidente do Samae), mas hoje considera a obra um erro.
Foi um equívoco a abertura do calçadão, porque vai na contramão da humanização dos pedestres. Havia uma pressão dos comerciantes para que se abrisse a via – explica.
Diferente do calçadão antigo, que contava com parque infantil, o vereador defende a passagem livre aos pedestres. Para os comerciantes que dependem do espaço para carga e descarga de material e moradores que moram em prédios com garagem, Frizzo acredita que a melhor solução é estabelecer horários de entrada e saída.
O secretário de Planejamento, Paulo Dahmer, gosta da ideia. No entanto, ressalta que as alterações dependem de estudo viário. E promete analisar o documento quando chegar à secretaria, mas não garante incluí-lo na revitalização, que prevê remoção de canteiros, manutenção e plantio de árvores, construção de novos banheiros e colocação de bancos na Praça João Pessoa e no Largo São Pelegrino.
Ainda conforme Dahmer, o plano diretor, de 2007, tem um ponto que trata da revitalização do Centro Histórico. Ele traça a diretriz para a recuperação principalmente dos prédios, degradados com o tempo, o que pode incluir o fechamento da Júlio. Por isso, não haveria necessidade de aprovação na Câmara.
Para o secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Jorge Dutra, a ideia precisa ser analisada levando em consideração não apenas o tráfego, mas também questões como infraestrutura e urbanismo.
A ideia de Frizzo já tem um forte defensor na administração municipal. Em e-mail enviado ao Pioneiro ontem, o secretário municipal da Cultura, Antonio Feldmann, se declarou a favor do fechamento da Júlio para carros.
“Que façamos essa discussão com toda a comunidade, num debate franco e aberto”, escreveu ele.
O líder da bancada do PT na Câmara de Vereadores, Rodrigo Beltrão, concorda com o fechamento da Júlio, desde que a comunidade seja consultada. No entendimento do vereador, mudanças de grande impacto devem ter o aval da população.
A gente concorda, porque sempre defendemos o espaço para os pedestres. Mas deve ser feito um plebiscito. Tem de ter debate público, mas acho muito difícil o governo aceitar a sugestão porque eles queriam reduzir as calçadas na Avenida Rio Branco – ressalta.
JULIANA BEVILAQUA