21.10.08

Trabalhadores criticam colunista do Jornal Pioneiro. Jornalista teria ofendido classe dos garis em seu artigo.

Durante a Sessão Ordinária, desta terça-feira (21), o Presidente do SINDILIMP, Nestor Alves Borges, manifestou o descontentamento dos trabalhadores da área da limpeza pública com relação ao artigo do jornalista Gilberto Blume, publicado no dia 09 de outubro, no jornal Pioneiro. O colunista teria sido preconceituoso ao apresentar a análise do desempenho e também considerações sobre a condição de um gari concorrer ao cargo de vereador na eleição deste ano. “Ao tomarmos conhecimento da crônica, entendemos que tínhamos que dar uma resposta, já que um dos nossos companheiros foi utilizado como exemplo. O jornalista afirmou que um gari não teria condições políticas ,nem DNA para concorrer a vereador. Dizemos o contrário porque temos certeza que somos preparados... Gari lê, discute política e tem opinião, o que lhe dá essa certa bagagem política.”, desabafou Borges. Ele lembrou que o candidato a vereador 'Ligeirinho', também gari, fez mais de dois mil votos na última eleição. “Sério é saber que em pleno século XXI, em uma cidade que tem orgulho de sua pujança material e intelectual, homens se alcem a condição de julgar e definir quem são os que tem e os que não tem política em seu DNA. Como se pode perceber, a avaliação parte do princípio que ser um bom ou mal político é uma questão genética. Todos estes homens e mulheres – garis por profissão são cidadãos. Eles não só falam em política como também pensam e sugerem alternativas de políticas públicas”. O Vereador Renato de Oliveira/PC do B retratou o descontentamento pessoal e do seu partido com relação a crônica do jornalista. “A verdadeira política é desprovida de preconceito”, definiu ele. A Vereadora Ana Corso/PT relembrou o preconceito que outros líderes políticos enfrentaram ao chegarem no poder. “O nosso presidente, que também era operário sofreu discriminação. Ele não ousou falar do Assis Mello, ou de uma vice comunista. Não vamos admitir que falem de um dos nossos companheiros desta forma”, completou a vereadora. O Vereador Alfredo Tatto/PT defendeu o direito do jornalista de escrever sobre suas opiniões, mas criticou a forma como ele o fez neste caso. “Ele não tem o direito de dizer algumas coisas. A vida é que cria o político, e não a vara de condão. E o Ligeirinho tem isso”, concluiu Tatto. O Vereador Pedro Incerti/ PDT analisou a crônica que, em seu ponto de vista criticou todos os candidatos, de outras classes trabalhadoras. “Além do preconceito que pode gerar, ele ataca todos os candidatos ao se referir a nossa democracia como “este circo”. É este circo que permite ele falar estas bobagens”, desabafou o parlamentar. Deoclécio Silva/PMDB falou sobre o preconceito implícito na crônica e ressaltou os princípios da democracia. ”Esta crônica representa o preconceito de quem a fez, se acha melhor. Ficamos estarrecidos com isto. Neste país em que tanto se lutou pela democracia, não é possível aturar tal atitude. Ele não conhece movimentos populares. A sua postura é altamente preconceituosa”, concluiu o vereador. Ainda expondo sua indignação, o Vereador Guiovane Maria/PT apoiou os outros parlamentares e manifestou seu desagrado quanto à coluna de Blume. “O que de fato qualifica? Diploma, conta bancária, posição social ou o caráter? Eu me sinto atingido também porque não tenho diploma. Tudo foi conquistado com muita luta. Este jornalista deve estar julgando os outros por si mesmo”, encerrou ele. A Vereadora Geni Peteffi/PMDB foi categórica em sua crítica ao jornalista. “O diploma deste jornalista não serviu para nada. Ele demonstrou com isto toda a sua incompetência”. Marcos Daneluz/PT também manifestou sua opinião quanto à situação. “Ele conhece sim as lutas estudantis, dos agricultores e dos metalúrgicos. Ele não é ignorante. Mas não aceita porque faz parte de uma sociedade que gosta de ler o que ele escreve. E é para eles que escreve”, defendeu ele. O Vereador Vinícius Ribeiro/PDT elogiou o candidato a vereador Ligeirinho e sua boa votação. “Não vou me prender a crítica, mas ao elogio. Ele fez dois mil votos e isto tem que ser reconhecido”. Edson da Rosa/PMDB apoiou a atitude dos trabalhadores garis e ressaltou seu repudio a qualquer forma de discriminação. “Este é um exemplo de democracia. Esta classe, de uma forma organizada trouxe uma justa reivindicação”, concluiu o vereador. O Vereador Getúlio Demori/PP declarou sua solidariedade aos trabalhadores que entram na política sem possuírem curso superior. “Eu não tenho formação. Sou alfaiate e agricultor, mas nem por isso durante estes 24 anos deixei de honrar meu mandato. A atitude deste jornalista é lamentável”, defendeu ele. Os trabalhadores pedem que o jornal Pioneiro seja imparcial e lhes conceda o direito de resposta no próprio jornal.