8.5.11

‘A solução não é abrir avenidas’

James Wright, coordenador do Profuturo, o Programa de Estudos do Futuro.

O professor doutor pela USP James Wright, coordenador do Profuturo, o Programa de Estudos do Futuro da Fundação Instituto de Administração, participou quinta-feira do Fórum Caxias 2030, coordenado pela Seplam, a Secretaria de Planejamento.
Mirante: O que fazer hoje para que uma cidade média não fique entupida de carros no futuro?
James Wright: Claramente, a solução não é abrir mais avenidas e incentivar o uso intensivo do automóvel. É preciso criar alternativas confortáveis, economicamente atraentes e confiáveis para que as pessoas utilizem mais o transporte público. Isto é, aumentar o conforto, a acessibilidade, o rigor nos horários. E coibir o uso do automóvel nas áreas mais congestionadas, ao mesmo tempo que se criam mais alternativas para as pessoas. Não há solução mágica.
Mirante: Quais as características de uma cidade que funciona?São cidades onde se tenha uma condição de trabalho, de acesso à moradia de qualidade, trabalho próximo, oportunidades, emprego, lazer, ambiente sustentável, qualidade de ar, acesso a áreas verdes. Onde as pessoas possam andar mais, usar bicicletas, para que se possa promover vida ativa e confortável, com segurança. Deve-se aliar o conceito de não deixar a cidade com um só centro crescendo indiscriminadamente, mas dotada de polos capazes de oferecer todos os serviços básicos.
Mirante: Como resolver o equação da mobilidade urbana com a qualidade de vida?
Wright:  É uma combinação de ênfases: ao transporte público, à reorganização do uso do solo para reduzir distâncias e ao uso de novas tecnologias que permitam trabalho remoto. E também ao uso de tecnologia para rastrear e gerenciar em tempo real a frota de transporte.
Mirante: Quais os riscos para o futuro do crescimento maciço de empreendimentos imobiliários?
Wright: Um risco é a oferta de moradias em áreas mais afastadas, seja para baixa renda ou para a população de média e alta renda. Quando isso amplia a demanda por transporte, cria efeitos negativos, satura a infraestrutura.
Mirante: Quais aspectos são os principais para planejar uma cidade para o futuro?
Wright: Um aspecto é a mobilidade urbana. Outro é a questão ambiental, incorporar a sustentabilidade nas novas indústrias, nos novos negócios, nos conjuntos habitacionais, ampliar a prática de educação ambiental. A outra grande coisa é investimento na qualificação humana. O mundo está mais competitivo e demandante de soluções. Para uma cidade de base industrial forte, como é Caxias, é necessário agregar serviços e aproximar a indústria de seus clientes. É preciso Caxias fazer uma renovação constante de sua indústria, com aprimoramento constante, aprimorar a relação das empresas com as universidades.
Fonte: Jornal Pioneiro de 09/05/2010 - Foto de Luiz Chaves