26.11.11

TREM REGIONAL: Idas e vindas do estudo

24/11/2011 N° 11226 JORNAL PIONEIRO
Ministério dos Transportes tem solicitado correções e esclarecimentos sobre levantamento de viabilidadeCaxias do Sul – O ano de 2011 foi destinado a correções no estudo de viabilidade do Trem Regional, finalizado e divulgado em março deste ano pelo LabTrans, Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O documento está em fase de finalização. Dessa forma, a divulgação do estudo para as comunidades dos cinco municípios atendidos (Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Carlos Barbosa e Garibaldi), que estava prevista para ocorrer ainda este ano sob forma de audiências públicas, fica para 2012.
O relatório do estudo, desde março, quando foi divulgado, tem ido a Brasília e retornado ao LabTrans com pedidos de correções e esclarecimentos. Primeiro, foi enviado ao Ministério dos Transportes, que o distribuiu para análise a diversos órgãos. Ele retornou ao LabTrans, que enviou novos esclarecimentos em setembro, e o próprio ministério devolveu com ressalvas. Agora em novembro, outra vez o relatório foi enviado a Brasília e será submetido ao ministro Paulo Sérgio Passos e ao governo. Uma vez fechado o documento, haverá o sinal verde para as audiências públicas.
Por conta desse aparente atraso, o vereador Edio Elói Frizzo (PSB), que retornou do 18º Congresso Nacional da Associação Nacional de Transporte Público, cobrou da representação política caxiense na Câmara a vontade política para apressar o processo de implantação do trem:
– Temos dois senadores, dois deputados federais, mais o próprio prefeito, além dos deputados estaduais, mas eles não estão focados no assunto. Ninguém se coça – reagiu Frizzo, lembrando que o trecho da Serra é um dos dois considerados prioritários pelo ministério, junto com outro no Paraná, que atende as cidades de Londrina e Maringá.
Além das audiências públicas, 2012 também deve ser o ano dedicado à abertura para o programa de apresentação de interesse ao empreendedor privado. Será o momento de definir o modelo para o Trem Regional: se público, privado ou viabilizado por meio de parceria, uma PPP (parceria público-privada). Uma vez definido o modelo, será a hora de desenvolver projetos de engenharia e abrir licitação, no caso de haver participação do poder público.
– Algumas prefeituras têm surpreendido pelo interesse e contribuição, e Caxias é uma delas. Já preparou uma estratégia de integração com o transporte municipal. Serão 14 km de traçado no território do município. Bento também. O trem é tão importante que ele pode contribuir muito atendendo ao transporte municipal – destaca Paulo Roberto Thimoteo, que é consultor especial da Trensurb e coordenador executivo do projeto Trens Regionais no Estado.
CIRO FABRES NETO CIRO FABRES NETO*
Audiência
O vereador Edio Elói Frizzo (PSB) pretende agendar hoje audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Urbano, Transporte e Habitação da Câmara sobre o Trem Regional. A data possível é 5 de dezembro.
- Foram feitas três análises de traçado para o Trem Regional.
- A primeira mantém o traçado histórico da linha férrea, mas ela não é viável. O tempo de viagem por 62 quilômetros seria de duas horas e 40 minutos, o que é não é competitivo.
- A segunda é um traçado mais retilíneo até Garibaldi, com redução para 40 quilômetros de traçado e 40 minutos para a duração da viagem.
- Em Garibaldi, haveria duas alternativas: uma estação de integração com a linha já existente, Carlos Barbosa-Bento Gonçalves, e outra sem a estação. Neste caso, a linha do Trem Regional faria o percurso de Caxias até Bento, e haveria um ramal para Carlos Barbosa.
- O terceiro cenário projeta uma ligação direta entre Caxias e Bento.
- O Trem Regional possibilitará o atendimento do transporte municipal em Caxias do Sul, onde percorrerá 14 quilômetros, e Bento Gonçalves.
- Em Caxias do Sul, estão previstas cinco estações.
- Em Bento Gonçalves, a previsão é para quatro estações.
Fonte: fonte: Paulo Roberto Thimoteo, coordenador executivo do projeto Trens Regionais no RS
- Paulo Dahmer (PSB), secretário do Planejamento de Caxias do Sul – “A prefeitura passou todas as informações para o LabTrans. Existia expectativa de audiência pública, mas, com as mudanças do Ministério dos Transportes, foram canceladas. Estamos aguardando. O trem não tem uma característica regional, mas abrange a região. Ele tem a função de fazer o transporte dentro da cidade também.”
- Assis Melo (PCdoB), deputado federal – A assessoria do deputado informou que Assis Melo vem coletando impressões sobre o perfil do Trem Regional entre empresários da região. Ele já obteve essas informações em visitas a Carlos Barbosa e Garibaldi.
- Gilberto Pepe Vargas (PT), deputado federal – “É uma injustiça do vereador (Frizzo). Quem conseguiu desatar o nó para repassar a Rede Ferroviária para o município fomos nós. No meu governo, conseguimos que o BNDES fizesse estudo de viabilidade. O projeto não se concretizou e ele ficou desatualizado. Conseguimos recursos (do Ministério dos Transportes) para o Trensurb contratar a UFSC para fazer o estudo. O que a prefeitura e a Câmara estão fazendo? Ele (Frizzo) tem de trabalhar também.”
Lento, mas avançando
O Trem Regional parece que não avança, patina, emperra. 2011, por exemplo, foi gasto com as idas e vindas do relatório do estudo de viabilidade. Mas é assim mesmo. É um projeto grande demais, mas que está superando mais uma etapa, a da demonstração da viabilidade, com análise praticamente concluída pelo Ministério dos Transportes. Foi um caminho importante percorrido, embora pareça que não ande.
Mas o Trem Regional da Serra é, entre outros 14 no país, um dos dois em andamento e considerados prioritários pelo Ministério dos Transportes. E sua importância é vital. Para se ter uma ideia, percorrerá 14 quilômetros dentro de Caxias do Sul, com integração com o transporte municipal no bairro Floresta. Isso tem um impacto precioso no transporte coletivo na forma como hoje é feito, com reflexos na melhoria do tráfego.
Precisa é o acompanhamento próximo da representação política, ajudando a envolver as comunidades e a agilizar os encaminhamentos quando algum passo se enreda na enorme rede burocrática. Porque não se justifica haver perda de tempo diante de projeto tão importante.
* Editor de Política