3.4.08

CARTEIROS PEDEM APOIO DA SOCIEDADE

Trabalhadores estão em greve por melhores condições de serviço.
Os funcionários dos Correios ocuparam a tribuna na Sessão Ordinária desta quinta-feira (03) para relatar os problemas que vêm sendo enfrentados pela classe. Uma carta aberta à sociedade foi lida expondo os motivos da greve.
A atendente comercial dos Correios, Tânia Giordano da Silva, explicou que uma das reivindicações é o benefício do adicional de risco, que já deveria estar sendo recebido há muito tempo pelos carteiros. “Esse foi um benefício que o Ministério das Comunicações concedeu como reconhecimento ao carteiro que está exposto a inúmeros perigos, tais como: assalto, cachorros, intempéries do tempo, entre outros. Mas, após 90 dias, o presidente da EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) retirou esse benefício que é de 30% sobre o salário base, descumprindo o termo de compromisso assinado por ele mesmo, pelo Senador Paulo Paim e pelo Ministro Hélio Costa”, destacou.
Tânia ainda chamou a atenção para o problema da falta de participação de todos os funcionários nos lucros da empresa. “A renda da empresa está sendo mal distribuída. Nós, os trabalhadores de base, ficamos com a menor fatia dos lucros. Seria justa uma divisão dos salários pelos trabalhadores, afinal todos somos importantes e não só os diretores da empresa”, sugeriu. De acordo com ela, a greve está sendo realizada com o intuito de garantir um trabalho de qualidade. “A greve está sendo feita não para deixarmos de trabalhar, muito pelo contrário, é para garantirmos que esse trabalho seja realizado com qualidade e dignidade”, salientou.
Outra funcionária dos Correios complementou a colega. “Viemos pedir a ajuda e o apoio da comunidade caxiense. A sociedade não tem culpa dos trabalhos deficientes dos Correios. O que nós queremos é conscientizar a todos sobre a falta de condições para o exercício do nosso trabalho. Os Correios precisam voltar a ter a confiança que tinham antigamente”, ressaltou Suzana de Lourdes Ribeiro Lopes (foto da direita).
Gilvan Hoffmann também falou em nome da categoria, alertando para outro motivo da greve que é a falta de um plano de carreira. “A EBCT tem mais de 30 anos de reconhecimento e confiabilidade, mesmo assim é a única estatal que não tem esse plano de carreira. A empresa conta hoje com 110 mil trabalhadores, sendo que 52 mil são carteiros. Os cargos dentro da empresa não são de acordo com o tempo de serviço e conhecimento profissional, é preciso ser um “puxa-saco” ou ter um padrinho político”, denunciou. Segundo Hoffmann a proposta da ECT extingue a referência da empresa que é o carteiro, criando o agente de correios e unindo toda área operacional, carteiro, atendentes, otts e motorista.
Outra razão da paralisação levantada é a falta de funcionários no quadro efetivo da empresa. Conforme Hoffamnn, a EBCT, mesmo sendo uma grande empresa, não acompanhou o crescimento das cidades. “As cidades cresceram, mas o número de carteiros contratados não é na mesma proporção, gerando com isso sobrecarga, estresse psicológico e doenças ocupacionais”, enumerou pedindo a compreensão de todos.
O Vereador Édio Elói Frizzo/PSB agradeceu a vinda dos trabalhadores e disse que a Casa tem consciência dos problemas enfrentados e continuará lutando para saná-los. “Há tempos estamos nos preocupando com a questão dos Correios. Reuniões já foram realizadas com diversas lideranças. Tentamos marcar uma Audiência com a Superintendência de Porto Alegre, relatando a falta de funcionários para atender a demanda de Caxias e região. Não conseguimos, mas continuaremos insistindo para que esse encontro seja realizado aqui em Caxias. Além disso, solicitamos a interferência dos Deputados Federais Ruy Pauletti e Pepe Vargas no assunto”, disse.
Já o Vereador Pedro Incerti/PDT se solidarizou pelos funcionários dos Correios e agradeceu a manifestação em Plenário. “Os funcionários dos Correios são os “patinhos feios” da área pública, pois não têm estabilidade de emprego, possuem a média salarial mais baixa da área pública e são os que têm o trabalho mais pesado, que realmente suam a camiseta no trabalho”, concluiu.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara de Caxias do Sul - Fotos: Idair Moschen